Orquestra Sinfônica traz a ópera Carmen em superprodução

Da Redação
Foto: Marina Gadelha

O destaque da programação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro para o mês de agosto é a ópera “Carmen”, do compositor Georges Bizet, que estreou originalmente na França, em 1875. Serão duas apresentações do concerto, nos dias 2 e 3 de agosto, às 20h, marcando a estreia da OSTNCS em sua nova casa, o Teatro Plínio Marcos, no Eixo Cultural Ibero-Americano.

A história se passa em Sevilha (Espanha), no final do século 19, e retrata o conflito amoroso de Carmen, uma cigana que acaba assassinada por ciúmes pelo soldado Dom José, depois de ela o deixar pelo toureiro Escamillo. “É uma tragédia que se conecta com os nefastos feminicídios que ocorrem atualmente no Brasil. A peça ajuda a levantar essa discussão”, contextualiza o regente Cláudio Cohen. “’Carmen’, uma mulher com um forte sentimento de liberdade, muito à frente de sua época, é uma das imperecíveis obras-primas da história da ópera”, completa.

Trata-se de grande produção, na qual quatro atores e atrizes, com figurino de época, dividem espaço com os músicos no palco. Há ainda narração e coro, completando a superprodução que ocupa o Teatro Plínio Marcos, em sua reabertura. A partir de agora, ele passa a ser a casa da OSTNCS. “Estamos muito entusiasmados com a mudança. O espaço tem um palco com ótimas dimensões, iluminação cênica, camarins, sala reservada para a guarda dos instrumentos e estudo para os músicos”, comenta o maestro.

Marina Melaranci, que interpreta a protagonista, diz que “não tenho palavras para descrever a felicidade que estou sentindo em cantar a Carmen na ópera de Bizet. É sem dúvida um dos papéis mais difíceis e importantes para mezzosoprano”.

“Fico muito grata pela oportunidade e confiança do maestro e dos músicos e me sinto honrada também em dividir o palco com grandes talentos de Brasília e internacionais”, celebra a cantora ítalo-brasileira. Ela considera a apresentação “um projeto maravilhoso” e acredita que abrirá portas para um festival de óperas na capital federal.

Franklin Sagredo Martins encarna Dom José e dá sua impressão do personagem: “um jovem soldado espanhol, que não conhece o amor, é seduzido por uma mulher livre. Esse amor passional leva o jovem soldado a sua ruína. Acreditar que o amor é incondicional é um grande erro”, avalia o tenor hispano-brasileiro radicado há 20 anos na Europa.

Já o papel do toureiro é de Tiago Kaltenbacher, que chegará a Brasília só às vésperas da estreia e, por enquanto, segue ensaiando sozinho em São Paulo. Na ópera, ele destaca a sensualidade do mundo espanhol e seus arquétipos. Para a construção do personagem, o artista argumenta que Escamillo exibe as virtudes de um toureiro, que não pode perder o foco e é capaz de antever as intenções do touro pelo olhar do animal. Segundo ele, essa habilidade explicaria seu sucesso, ao vencer Dom José na conquista do coração de Carmen.

Sobre as dificuldades no palco, Kaltenbacher conta que a partitura não é fácil nem musicalmente nem vocalmente. “A ária do toureiro é muito cansativa. Exige muita energia. Não podemos nos esquecer que a ópera é um gênero de teatro e que Escamillo é o pivô de uma tragédia anunciada”.

A jovem Micaela, noiva de Dom José que acaba preterida por Carmen, é interpretada por Manuela Korossy. “Está sendo uma produção muito legal. É uma montagem de época, com figurinos apropriados e um elenco maravilhoso, fazendo um trabalho musical fantástico. Quem for assistir pode esperar um espetáculo de altíssimo nível”, convida.

Ela acredita que “uma das coisas mais interessantes dessa ópera é que não tem vilão ou mocinha. É uma forma de escrita muito revolucionária, porque há muitos diálogos femininos numa época em que a escrita era masculina. São personagens femininas com voz própria, mostrando que a narrativa também pode ser das mulheres”, defende.

Adriano Siri, o narrador, destaca a relevância de seu papel na construção da ópera. “A obra é em francês e caberá a mim situar o público, explicando de forma resumida, o que acontece em cada um dos atos.”

Francisco Mayrink assina a direção do espetáculo. “É sempre um desafio a direção de uma ópera, pois temos de ter em mente o que o autor do texto e da música pretenderam, tendo o cuidado de não desvirtuar a obra. Fazer um espetáculo com orquestra no palco limita a liberdade de ação dos artistas em cena, mas é um excitante exercício de adequação”, explica.

Ainda em agosto, o maestro Claudio Cohen destaca a parceria com o “São Paulo Contemporary Composers Festival”, concerto que trará a Brasília compositores de vários países com obras inéditas, que vão mostrar as novas tendências da música de concerto.

Ainda em agosto, o “Iate in Concert” vai tratar do tema “das óperas aos musicais”, e trará como convidado o tenor paulistano Thiago Arancam. Em parceria com a Embaixada da Áustria, o regente anuncia também a performance do concerto para violino e Orquestra de Ludwig van Beethoven.

Adiante, está programado concerto brasileiro com obras de mestres como César Guerra-Peixe, Camargo Guarnieri e Fernando de Morais. O mês fecha com o “Concerto Mexicano”, quando o maestro Miguel Salmon Del Real interpretará obras de Silvestre Revueltas e Arturo Márquez entre outros.

Dica:
Bizet – Ópera Carmen em concerto
Com Marina Melaranci, Manuela Korossy, Tiago Kaltenbacher, Franklin Sagredo
Dias: 2 e 3 de agosto, 20h
Entrada gratuita (por ordem de chegada, sujeito à lotação)
Local: Teatro Plínio Marcos, Eixo Cultural Ibero-americano
Setor de Divulgação Cultural Lote 02

Festival de Música Contemporânea
Dia 9 de agosto, 20h
Local: Teatro Plínio Marcos, Eixo Cultural Ibero-americano

Iate in Concert – Das Óperas aos Musicais
Tenores: Thiago Arancam e Franklin Sagredo
Sopranos: Marina Melaranci e Manoela Korossy
Dia 13 de agosto, 18h
Local: Iate Clube de Brasília

Concerto Austríaco
Com Dominik Hellsberg (violinista)
Dia 16 de agosto, 20h
Local: Teatro Plínio Marcos, Eixo Cultural Ibero-americano

Concerto Brasileiro
Dia  23 de agosto, 20h
Local: Teatro Plínio Marcos, Eixo Cultural Ibero-americano

Concerto Mexicano
Com maestro Miguel Salmon del Real
Dia 30 de agosto, 20h
Local: Teatro Plínio Marcos, Eixo Cultural Ibero-americano