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“A Moscou! Um palimpsesto” com entrada gratuita no Teatro Sesc Newton Rossi

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Da Redação
Foto: Diego Bresani

O espetáculo “A Moscou! Um palimpsesto”, uma reescrita contemporânea do clássico As três irmãs de Anton Tchekhov, ganha curta temporada de 29 a 31 de outubro, no Teatro Sesc Newton Rossi. As apresentações presenciais, das quais algumas com intérpretes de Libras, depois de Brasília, seguirão para São Paulo e Rio de Janeiro. O espetáculo da Cia. Setor de Áreas Isoladas, tem concepção e direção de Ada Luana e dramaturgia de Ada Luana e Gabriel F. No elenco: Ada Luana, Ana Paula Braga, Camila Meskell, Filipe Togawa, Kalley Seraine e Taís Felippe.

A Moscou! Um palimpsesto nasceu do desejo de rasurar e reescrever o passado. Tendo como ponto de partida o clássico As três irmãs de Anton Tchekhov, a companhia criou um palimpsesto, isto é: um pergaminho antigo cujo texto era raspado para dar lugar a um novo, o qual acabava por guardar vestígios do antigo. Clássicos são obras que se ressignificam com os ciclos históricos por carregarem questões atemporais. Em As três irmãs se encontra o tema da degradação à qual o tempo submete a vida dos seres, seus sonhos e desejos de realização pessoal. Um clássico que resistiu ao tempo e que fala justamente da dificuldade de resistir.

Eis o drama dos quatro irmãos tchekhovianos: Enquanto fervem por dentro e projetam seus desejos e a esperança de plenitude no paraíso perdido ao qual chamam Moscou, eles se entorpecem, ato após ato, em sua incapacidade de agir. Cada vez mais abafados pela banalidade da vida cotidiana, assistem inertes a erosão da vida e de seus desejos tornando-se, enfim, náufragos ou fugitivos de suas próprias quimeras.

“O tema nos pareceu preciso, permitindo que a nossa escritura cênica dialogasse com as questões que atravessamos em nosso momento sociopolítico nacional e mundial, onde assistimos cotidianamente a erosão de ideologias e promessas de mudança. Uma pandemia se instalou e nos mostrou ainda mais claramente como nos tornamos náufragos de nossos falidos sistemas políticos e nos vemos, tal qual os heróis de Tchekhov, segregados entre degradados e degradadores”. Conta Ada Luana. “A partir daí nossa vontade não foi a de responder a nenhuma das questões cáusticas levantadas pela peça de Tchekhov, mas antes, confrontá-las ao nosso aqui e agora e relançá-las ao público de hoje. Como continuar? Vale a pena dar qualquer passo? Que espaço sobra para nossos desejos? Por que não se vai a ‘Moscou’? Por que é tão difícil resistir?” Provoca a diretora.

As brechas que foram abertas no texto original, rasurando-o e reinventando-o permitiram ainda estabelecer diálogos entre clássico e contemporâneo, ator e personagem, ficção e realidade. A ideia de rascunho que sugere a palavra palimpsesto foi levada para toda a encenação, cujo dispositivo cênico foi pensado para revelar as estruturas ao público como um ensaio: Terreno sempre aberto à possibilidade, à tentativa, ao erro, ao acontecimento iminente, ao risco. Assim, a peça desenrola-se como uma travessia de possíveis, onde tanto os corpos e a interpretação dos atores, como o dispositivo cenográfico, os figurinos, os objetos de cena, iluminação, buscam revelar as estruturas, os “esqueletos” para produzir imagens e acontecimentos que fazem-se e desfazem-se juntamente com o olhar do público.

Sobre o ato de resistir pela arte, vale a pena mencionar a trajetória do próprio espetáculo. O mesmo estreou em 2017 no CCBB Brasília, e ao longo dos anos vem se apresentando em importantes festivais de teatro nacionais como o Cena Contemporânea em Brasília, o Festival do Teatro Brasileiro em Belo Horizonte e Recife e a Mostra Palco Giratório em Brasília. Em 2020 o espetáculo cruzou sua primeira fronteira internacional sendo convidado para participar do On Women Festival 2020 em Nova York, festival que comemora o 8 de março colocando em evidência trabalhos dirigidos, criados e realizados por mulheres. O grupo foi o único a conseguir se apresentar antes da programação ser suspensa devido ao lockdown decorrente do início da pandemia na cidade. De volta ao Brasil, e durante os meses que se seguiram ao longo desta pandemia, a companhia se viu obrigada a fechar sua sede e estocar os cenários de suas peças em locais improvisados, o que gerou uma significativa deterioração de parte do cenário deste espetáculo. Felizmente no início de 2021, o grupo recebeu um prêmio da Funarte para realizar a filmagem do espetáculo para ser exibido em plataformas de teatro online, o que permitiu que a companhia começasse a se reestruturar. Outro incentivo refere-se a este projeto, realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF, o qual promoverá a circulação do espetáculo com apresentações presenciais por 3 cidades brasileiras, começando este ano em Ceilândia e passando por São Paulo e Rio de Janeiro em 2022.

“Parece realmente um sonho quando imagino que logo logo, estaremos em cena novamente, respirando o mesmo ar que o público e compartilhando esse momento tão especial que o teatro (e só ele) pode oferecer: a arte do presente. Depois de tantas intempéries, desafios, tristezas, dilemas e crises, sentar, juntos como companhia, todos vivos, saudáveis e fortes, diante de uma plateia ávida por compartilhar esse presente conosco é uma alegria que não posso descrever. Só me vem mesmo a frase da personagem de Olga ao final do espetáculo: ‘Nós vamos continuar, nós precisamos continuar, amanhã, depois de amanhã e depois’”. conta Ada Luana.

Dica:
A Moscou! Um palimpsesto
Dias 29, 30 e 31 de outubro, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h
Dia 29/10 (sexta-feira): Sessão com intérprete de Libras
Local: Teatro Sesc Newton Rossi (Centro de Atividades SESC Ceilândia – QNN 27 – Área Especial – Lote B, Ceilândia Norte)
Entrada gratuita
Mais informações: 3379-9586
Classificação indicativa: 14 anos

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