Da Redação
Foto: Victor Hugo Cecatto
Escrito em 1953, o clássico teatral “A Falecida”, de Nelson Rodrigues (1912-1980), completou 70 anos em 2023, com a nova montagem dirigida e idealizada por Sérgio Módena e protagonizada por Camila Morgado, que voltou ao teatro depois de um hiato de 11 anos distante dos palcos. Recentemente, ela fez sucesso no elenco da novela Renascer, na TV Globo, no papel de Dona Patroa.
E o clássico rodrigueano chega agora à capital do País com o patrocínio da Caixa Cultural em apresentações de 11 a 16 de fevereiro de 2025 na Caixa Cultural Brasília (Setor Bancário Sul). Sessões nos dias 11/2 e 12/2, às 20h, dia 13 de fevereiro, às 17h30 e 20h; Dia 14/2, às 20h; 15/02, às 17h30 e às 20h e 16/2, às 19h. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Vendas pelo site: https://www.bilheteriacultural.com.br/ Não recomendado para menores de 16 anos.
Classificada pelo saudoso crítico teatral Sábato Magaldi como uma das Tragédias Cariocas de Nelson Rodrigues, “A Falecida” narra o plano da tuberculosa e frustrada Zulmira, que sonha em ter um enterro cheio de luxo e pompa. Dessa forma, ela causaria inveja em sua prima e vizinha Glorinha, com quem nem fala mais e tem uma relação inexplicável de competição.
Um pouco antes de morrer, Zulmira pede para seu marido Tuninho, que está desempregado e gasta todo o dinheiro com apostas, procurar o milionário Pimentel. Ela quer que o empresário pague para ela um enterro de 35 mil cruzeiros – o que beira o absurdo, uma vez que, na época, os funerais custavam menos de mil cruzeiros.
Logo depois da morte de Zulmira, ainda sem saber como ela conheceu Pimentel, Tuninho vai à mansão dele descobre que o rico empresário e sua esposa eram amantes. O marido traído ameaça contar tudo para um jornal inimigo de Pimentel e consegue arrancar dele uma pequena fortuna. Tuninho, então, dá à Zulmira um enterro “de cachorro” e aposta todo o resto do dinheiro num jogo de futebol.
Mesmo tendo sido escrita nos anos 1950, “A Falecida” revela sua força e atualidade num país ainda regido pela falsa moralidade e hipocrisia. Nos dias de hoje o fanatismo religioso abordado por Nelson Rodrigues tornou-se ainda mais significativo em nosso país. A personagem Zulmira traiu o marido e, por esse motivo, ela é consumida pela culpa. Seu desejo por um velório luxuoso é sua maneira de se vingar de um mundo que não lhe oferece possibilidade de transformação. A morte torna-se sua redenção. Desse modo, o autor nos coloca um dilema: Poderá um enterro de luxo compensar uma vida de desilusões?”, indaga o diretor Sergio Módena.
Segundo o diretor, a encenação propõe uma estética atemporal. No cenário de André Cortez, um grande mausoléu (um signo da ostentação social em meio aos mortos) é o espaço por onde os diversos planos de ação irão ocorrer. Os figurinos de Marcelo Olinto não buscam a reprodução histórica da década de 50. Ao contrário, parecem apenas evocar um tempo passado, atravessando diversas épocas. A trilha sonora, composta por Marcelo H, explora o conflito entre o sagrado e o profano.
“Quando Zulmira se sente culpada, ela busca se afastar do profano, sendo constantemente atormentada por essa ideia. A trilha sonora percorreu diversos estilos, combinando desde obras de Dalva de Oliveira até samba. Essa mescla de estilos é uma característica marcante de Nelson Rodrigues, que inseria elementos cômicos em suas tragédias. O humor peculiar de Nelson está presente em nossa montagem, mesmo diante da trágica história de Zulmira”, acrescenta Módena.
Dica:
“A Falecida”
De 11 a 16 de fevereiro
11/02 (terça) – 20hs
12/02 (quarta) – 20hs
13/02 (quinta) – 17h30 e 20hs
14/02 (sexta) – 20hs
15/02 (sábado) – 17h30 e 20hs
16/02 (domingo) – 19hs
Local: Caixa Cultural Brasília
Ingresso: R$30,00 (inteira) / R$15,00 (meia)
Ponto de venda: https://www.bilheteriacultural.com.br/
Classificação Indicativa: 16 anos
Mais informações: 3206-9448