Laila Garin protagoniza a versão musical de “A hora da Estrela” no CCBB

Da Redação
Foto: Daniel Barboza

Em 2020, ano do centenário de Clarice Lispector (1920-1977), uma de suas obras mais emblemáticas ganhou uma versão musical para os palcos, absolutamente original. Após estrear no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro em março, ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’ teve a sua temporada interrompida pela pandemia do Covid-19. Após a pausa, o espetáculo retornou para uma temporada híbrida, entre maio e junho deste ano, seguindo todos os protocolos e lotação limitada, e agora segue para o CCBB Brasília onde ficará em cartaz por dois finais de semana.

O CCBB BRASÍLIA está adaptado às novas medidas de segurança sanitária: entrada apenas com agendamento on-line (eventim.com.br), teatro funcionando com 40% da capacidade, fluxo único de circulação, medição de temperatura, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e sinalizadores no piso para o distanciamento.

“A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa” tem adaptação e direção de André Paes Leme, canções especialmente compostas por Chico César e direção musical e arranjos de Marcelo Caldi. Laila Garin é Macabéa, a mítica protagonista do aclamado romance, ao lado de Claudia Ventura e Renato Luciano da Cia Barca dos Corações Partidos, na temporada presencial, ou Claudio Gabriel na temporada online, que completa o elenco.

A idealização e produção do projeto é de Andréa Alves, da Sarau Agência, responsável por espetáculos como ‘Elza’, ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’, ‘Sísifo’ e ‘Macunaíma’. O projeto é apresentado pela BB Seguros e patrocinado pelo Banco do Brasil, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A realização é da Ágapa Criação e Produção Cultural.

‘O romance veio para minha estante através da minha professora, que por coincidência se chamava Laila. Ainda no percurso de “Gota D`Água”, tive a ideia de propor o projeto para a Laila Garin protagonizar, com a direção do André, que é meu parceiro teatral há 30 anos, e as músicas do Chico César, que tinha feito as músicas do Suassuna. Essa rede afetiva e a descoberta do centenário foram os motivos perfeitos para dar mais potência ao projeto’ explica Andréa.

‘A Hora da Estrela’ foi o último livro escrito por Clarice, que faleceu pouco tempo após o seu lançamento. Suas páginas narram a saga de Macabéa, imigrante nordestina cuja vida no Rio de Janeiro é marcada pela ausência de afeto e poesia. Vista pela sociedade como uma mulher desprovida de qualquer atrativo, ela se contenta com uma existência medíocre: ganha menos do que um salário, divide um quarto com quatro pessoas, sofre com um chefe rigoroso e não atrai a atenção de ninguém.

Na obra literária, tal história é contada por um escritor, que vê Macabéa na rua e resolve narrar a vida de uma pessoa tão invisível, comum e sem brilho, em um exercício de alteridade. Para esta nova versão teatral, André Paes Leme propõe uma inversão e essa figura do escritor se transforma em uma atriz. Desta forma, Laila Garin tem o desafio de se alternar entre a Macabéa e a Atriz, que não somente narra, mas também comenta e lança uma série de questões ao longo da encenação.

‘O trabalho de adaptação não é de reescrever o texto. É o trabalho de transportar o universo sem estar aprisionado a qualquer palavra, através da edição e deslocamentos de episódios. Houve também a recondução dos textos do escritor para a atriz’, conta o diretor, que tem longa experiência na transcrição de livros para o palco, no que se convencionou chamar de ‘romance em cena’. Seguindo essa tradição, ele não somente faz uso de diálogos, mas coloca os atores como narradores, enquanto contracenam, fazendo uso de frases na íntegra do livro original.

André Paes Leme, que já assinou elogiadas adaptações de Guimarães Rosa (‘A Hora e Vez de Augusto Matraga’) e Nelson Rodrigues (‘Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados’), teve ainda a parceria de Chico César no processo de criação. As músicas pontuam toda a dramaturgia e aparecem para ilustrar o estado emocional e o interior de cada personagem. Ao longo da montagem, as canções servem ainda para detalhar algum acontecimento e também para tirar as personagens do sofrido estágio em que se encontram, trazendo alguma fantasia para existências tão opacas.

Chico César vem de outra experiência bem-sucedida, ao ter a literatura como base de uma criação musical para teatro. Em 2017, ele assinou a trilha de ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’, ao lado da Cia. Barca dos Corações Partidos. A experiência rendeu uma série de prêmios e indicações, inclusive ao Prêmio da Música Brasileira pelo álbum. ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’ vai trazer mais um conjunto de canções inéditas do compositor, com trechos musicados do próprio livro e criações livres, com base no original de Clarice Lispector.

O espetáculo marca ainda a primeira vez em que Laila Garin atua em um espetáculo de composições inéditas, produzidas ao longo do processo de ensaios. Após ser recordistas de premiações por seu trabalho em ‘Elis – A Musical’ e ‘Gota D’Água [a seco]’, Laila foi dirigida pela lendária Ariane Mnouckine em ‘As Comadres’, no início de 2019. Enquanto segue com uma série de projetos de TV, Laila se consagrou na última década como uma das grandes vozes do teatro musical brasileiro.

Interpretar a Macabéa, as canções de Chico e ser dirigida por André já seriam motivos mais do que especiais para estar em cena. Mas fazer ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’ vai além, é um espetáculo que diz exatamente o que queremos falar neste momento. Estar em cena também como a Atriz é uma afirmação deste ato poético e político que é o teatro. É um grito de indignação com muita poesia, lutando com as armas que temos. ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’ fala das pessoas supostamente invisíveis, fala de solidariedade, de olhar para o outro com afeto. Além de tudo, é uma peça sobre esperança’, analisa Laila.

A produção adotou todas as medidas previstas na legislação para enfrentamento à disseminação da COVID-19, de forma a zelar pela saúde de toda a equipe contratada e permitir o exercício da profissão com segurança, antes e durante a realização do espetáculo.

Dica:
A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa
De 24 de junho a 4 de julho
Quintas e sextas, às 19h – Sábados e domingos às 16h e 19h (sessões duplas)
Dia 3 de julho- Sábado, a sessão presencial das 16 h será com tradução em libras
Presencial – CCBB
Ingressos:
R$ 30,00 (inteira)
R$ 15,00 (clientes Banco do Brasil que pagarem com Ourocard e meia-entrada para estudantes e professores, crianças com até 12 anos, maiores de 60 anos, pessoas com deficiência e seus acompanhantes e casos previstos em Lei).
Ponto de venda: no site  eventim.com.br
Sessões On-line nos mesmos dias e horários das sessões presenciais pelo canal do Youtube do Banco do Brasil e da BB Seguros
Grátis
www.youtube.com/bancodobrasil
www.youtube.com/bbseguros
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 120 minutos