Da Redação
Foto: Divulgação
No próximo domingo, dia 28 de julho, Dinorá Couto Cançado, 66 anos, professora aposentada do Distrito Federal há 24 anos, vai coordenar a oficina “Corrida de Compreensão Leitora” no Espaço Infantil da Biblioteca Nacional de Brasília. A atividade, com duração de duas horas acontece a partir das 10 horas é destinada “a todos”, mas tem foco em crianças de 7 a 11 anos e seus familiares.
A professora acaba de vencer batalha contra um câncer e tem uma prótese no quadril. Conversar com Dinorá exige fôlego de maratonista, pois sua fluência tem a pretensão de não deixar escapar nada de importante, o que envolve quase tudo que diz. Corrida de Compreensão Leitora? Pois é. Significa que desafia as crianças, numa folheada rápida que fazem nos livros, a responder sobre o assunto de que tratam as obras e discorrer sobre o tema. “Descobri esse método numa feira de livros em que mal conseguia andar. Não sei abordar as pessoas para comprar meus livros, mas sei acionar a curiosidade das crianças”, revela.
É essa capacidade que ela vai colocar de novo em prática na atividade do domingo, quando coordenará performances teatrais, adivinhações e brincadeiras relacionadas a contar histórias. Isso com a ambição de produzir inclusão ao reunir pessoas “normais” com as que têm diferentes graus de dificuldade de visão. “Inclusão acontece quando a gente junta pessoas com diferentes capacidades e descobre que todo mundo é igual”, ensina.
No Espaço Infantil, dois títulos da autora – “Lango e Tixa: Papo que espicha” e “E eu sou isto, vovó?” – ganharão no domingo encenações por portadores de deficiência visual. Noeme Rocha, 50, fará papéis na primeira, enquanto Adma Figueiredo, 40, se desdobrará para reproduzir o diálogo entre avó e neta sobre o tema cidadania, assunto que está presente na história de Dinorá. Ela é membro-fundadora da Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga, ligada à Secretaria de Educação, que há 24 anos assiste a deficientes visuais. “A Biblioteca é minha vida”, confessa sobre o local em que ainda atua como voluntária.
O trajeto da professora passa também pela criação da Academia Inclusiva de Autores Brasilienses, instituição itinerante que surgiu em 2017 sob pressão de autores portugueses numa visita de Dinorá à cidade do Porto, Portugal. Na volta, ela desembolsou os custos para criação do estatuto, que hoje conta com mais de 500 membros entre escritores videntes e deficientes visuais unidos pela literatura. Na atividade de domingo, os participantes poderão manusear livros em Braille, com tipos maiores e ilustrações em alto relevo.
“Vamos acabar no Guiness Book porque somos uma academia itinerante e viajamos o mundo atrás de membros comprometidos com a proposta”, explica ela, de malas prontas para os Estados Unidos, onde em Washington e Nova York vai divulgar o trabalho da entidade.
Dorina publicou no gênero infantil a série “Receita saudável,” trilogia com os títulos: “Paçoca de Avô”, “Travessuras” e “A pipa que tomou banho”, além dos dois citados acima. Fez estudos de pós-graduação na área de inclusão, democracia participativa e movimentos sociais. Recebeu premiações como o prestigioso (ODM) Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da ONU.
Dica:
Oficina “Corrida de Compreensão Leitora”
Dia 28 de julho, domingo, às 10h
Local: Espaço Infantil da Biblioteca Nacional de Brasília
Entrada gratuita