Exposição Museu Imaginário comemora 40 anos do Museu de Arte de Brasília

Da Redação
Foto: João Ademir Rodrigues da Silva

Inspirada na obra seminal O Museu Imaginário, do escritor francês André Malraux, a exposição Museu Imaginário, presta homenagem aos 40 anos da instituição e convida o público a explorar um rico diálogo entre acervos públicos e privados. A mostra, que acontece no Museu de Arte de Brasília (MAB), reúne obras de períodos, linguagens e contextos distintos, todas permeadas pelo espírito moderno que, segundo o curador Cláudio Pereira, “transcende o tempo e define o que significa ser moderno em diferentes épocas”.

A exposição é composta por cerca de 200 obras emblemáticas do acervo do MAB e da Coleção Brasília — Acervo Izolete e Domício Pereira. Entre os destaques do MAB, encontram-se uma rara série de obras de Tarsila do Amaral, doadas pelo Banco Central do Brasil, e do representativo conjunto proveniente da Sala Brasília/ XIII Bienal de São Paulo ( iniciativa do saudoso Embaixador Wladimir Murtinho e de Ciccillo Matarazzo Sobrinho); além de trabalhos contemporâneos de artistas como Cildo Meireles e Beatriz Milhazes e de obras de nomes representativos da cena local, como Francisco Galeno, Lêda Watson, Naura Timm e Betty Bettiol. O painel “Exposição e Motivos de Violência”, de João Câmara Filho, Grande Prêmio do IV Salão de Arte Moderna do DF, desaparecido por quase trinta anos, também merece destaque: em 1994, ele é reintegrado ao acervo do MAB após passar por restauro no ateliê do artista em Olinda, Pernambuco. Durante o período em que o Museu de Arte de Brasília esteve fechado, a obra ficou sob a guarda do Museu Nacional e agora, com a exposição, retorna ao MAB.

O acervo reunido por Izolete e Domício Pereira traz obras que refletem o espírito pioneiro de Brasília, com peças assinadas por grandes nomes como Lúcio Costa (autor da marca da coleção), Roberto Burle Marx e Oscar Niemeyer, entre outros. “A coleção representa uma conexão afetiva com a história da cidade e do país, reunindo não apenas obras adquiridas, mas também presentes de amigos e admiradores”, afirma o curador.

O casal residente na cidade desde o final dos anos 50 integrou-se ao círculo de novas amizades, estreitam conhecimento com vários dos seus idealizadores. Ele, natural de São Luís-MA, entre outros, exerceu as funções de Fiscal de Tributos do antigo IAPAS. Ela, natural de Recife-PE, foi uma das primeiras professoras do DF. Como funcionária do Ministério da Fazenda ocupou diversas funções, dentre as quais, a de assessora do gabinete do ministro de estado da fazenda. Como educadora foi responsável por criar e desenvolver um dos projetos sócio educacionais mais importantes da capital junto à comunidade do Lixão da Estrutural. Por meio dele, encaminhou centenas de crianças à Escola Fundamental. Pelos resultados, foi reconhecido pela UNICEF como projeto de referência no País. Das referências recebidas, o casal é detentor do Título de Pioneiros da Nova Capital, sendo a ela também outorgado o Título de Cidadã Honorária de Brasília.

Para Cláudio Pereira, que foi diretor do MAB na década de 90 e em período mais recente e conselheiro do CONDEPAC-DF, a exposição também tem o objetivo de dialogar com a arquitetura modernista do Museu de Arte de Brasília. Inaugurado em março de 1987, pelo então governador José Ornelas, teve como sua primeira diretora a artista Leda Watson. É um projeto datado de 1960, com cálculo estrutural assinado por Oscar Niemeyer e Joaquim Cardozo, tem projeto arquitetônico de Abel Accioly, então arquiteto da Novacap. A mostra amplia os horizontes da arte e suas interpretações, incorporando o pensamento de Malraux, que via a arte como um espelho para os devaneios poéticos da imaginação criadora. Esse é um legado do modernismo na formação da identidade brasileira e no desenvolvimento de Brasília como símbolo da modernidade. “Queremos propor uma reflexão sobre a importância da arte na preservação da memória e na construção de identidades. O MAB, com seu acervo renovado, volta a ser um protagonista nesse cenário, fomentando diálogos e novas interpretações para o futuro”, afirma Cláudio Pereira.

A mostra também destaca o papel fundamental dos acervos privados na manutenção da memória artística e cultural do país, além de questionar como a revitalização do MAB pode contribuir para o fortalecimento do cenário artístico local. A exposição Museu Imaginário convida os visitantes a ampliar suas percepções sobre a arte, a cidade e o país, em uma jornada que conecta o passado colonial ao presente criativo, com vistas a um futuro em constante transformação.

Dica:
Exposição: Museu Imaginário
Local: Museu de Arte de Brasília – MAB
De 16 de outubro a 25 de novembro
Horário de visitação: Todos os dias, das 10h às 19h, com exceção de terças-feiras