Catetinho reabre nos 62 anos de Brasília

Da Agência Brasília
Foto: Divulgação

Localizado na Região Administrativa do Park, com acesso novo e sinalizado via Brasília Country Club, o Museu do Catetinho passou por pinturas externa e interna do Palácio de Tábuas, Anexo e Sede Administrativa. Essa ação se deu depois da limpeza de forros e da troca das peças de Ipê comprometidas. Orifícios na estrutura receberam tela e espuma para evitar entrada de insetos e outros animais.

O piso de cimento do pilotis foi recomposto. Banheiros históricos receberam limpeza dos revestimentos. Cera acumulada nos pisos foi removida. Vigas e pilastras ganharam verniz novo.

“O Catetinho é espaço símbolo de toda a jornada de criação de Brasília. É uma preciosidade para o mundo”, destaca o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.

Durante a manutenção, o acervo de 466 itens, entre peças de mobiliário, utensílios, livros, discos e outros objetos, que Juscelino Kubitschek utilizou até 1959 – quando ficou pronto o Palácio da Alvorada –, foi embalado e armazenado no Centro de Dança, espaço cultural da Secec.

“Foram priorizadas práticas visando a estabilização tanto do prédio histórico que abriga a coleção, quanto das peças que compõem o acervo, uma vez que dispostas em um ambiente adequado, essas obras serão mais bem acondicionadas”, conta a gerente de Conservação e Restauro da Secec, Mariah Boelsums.

A manutenção também ocorre na área externa. com recapeamento total do estacionamento de visitantes pela Novacap, que também fez a roçagem de gramados e poda em árvores. Houve a construção de rampa de acesso destinada a pessoas com deficiência para instalar sinalização horizontal e vertical (projeto do Detran/DER). O sistema elétrico e de comunicação foram revisados.

A gerente do Catetinho, Artani Grangeiro, que acompanhou o movimento de trabalhadores em turnos de 9h às 17h, não esconde a ansiedade de ver o museu repleto de turistas, moradores do DF e estudantes. Em 2019, o espaço havia recebido quase 45 mil visitantes – 40% de estudantes, 23% do DF, 36% de outros estados e 1% do exterior. “Não vejo a hora de ter os ônibus escolares aqui de novo”, aponta.

O Catetinho está plantado numa espécie de santuário ecológico, em Área de Proteção Ambiental das Bacias do Gama e Cabeça de Veado e na Área de Proteção de Mananciais Catetinho. A beleza que cerca o local e inspirou Tom Jobim e Vinícius de Morais a compor “Água de beber” (1960) – quando deram com um olho d’água local durante estada a convite de JK para que compusessem “Sinfonia da Alvorada” (mesmo ano) – também guarda ameaças ao patrimônio tombado pelo Iphan em 1959. Cupins, brocas e outros insetos xilófagos (que se alimentam de madeira) encontram no Palácio de Tábuas um convidativo repasto. Esse ambiente obrigou a Gerência de Conservação e Restauro e recorrer a tintas com alta resistência às ações climáticas e que contêm fórmula fungicida moderna e de efeito prolongado, além de resinas que repelem água e evitam o empenamento da madeira.

Subsecretário do Patrimônio Cultural da Secec, Aquiles Brayner destaca que o Catetinho é marco fundamental na construção de Brasília. “A sua elaboração rústica de madeira, origem do termo ‘Palácio de Tábuas’, referência à sua função de residência presidencial, representa um marco arquitetônico na identidade moderna dos prédios de Brasília, os famosos pilotis, nos oferecendo a sensação de leveza e suspensão no ar”.

“O Palácio de Tábuas serviu como base para o ‘modernismo candango’, sendo modelo para edificações temporárias e definitivas erguidas na capital com características semelhantes, a exemplo do Brasília Palace Hotel e dos prédios residenciais nas superquadras”, reforça a arquiteta e urbanista Maritza Dantas na tese “Brasília, Patrimônio Moderno em Madeira”.

“O Catetinho incorpora, justamente, essa particularidade do movimento modernista brasileiro, o que está evidenciado no seu volume alongado, elevado sobre pilotis, mas elaborado em madeira, como os vernaculares [habitações que usavam materiais locais] uma vez foram erigidos”, ensina a arquiteta.

Durante os períodos de liberação de espaços públicos ao longo da pandemia da covid-19, o Museu Catetinho não pôde ser reaberto porque não atendia às regras dos decretos, como o distanciamento e a sanitização. Dois anos depois do início da emergência sanitária, o cenário de vacinação e novas orientaçções de segurança facilitaram a reabertura. “Hoje, temos a orientação da Fundação Oswaldo Cruz/Fiocruz de que a limpeza com água e sabão é muito eficaz, diferentemente do que se sabia antes, quando apenas álcool ou cloro ativo eram recomendados”, observa Artani Grangeiro.

Os espaços de exposição, por exemplo, estão sinalizados para que os visitantes não toquem nas superfícies, o que é praxe nos museus históricos. Há ainda dispositivos para desinfecção das mãos com álcool.

Dica:
Museu do Catetinho
Rodovia BR 040 s/n Trevo do – Gama
Tel: 3338-8803
Instagram: @secec @museudocatetinho