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Exposição de Di Cavalcanti na Casa Albuquerque celebra os 100 anos da Semana de 22

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Da Redação
Foto: Sérgio Guerini

Em parceria com Almeida & Dale, de 12 de maio a 11 de junho, a Casa Albuquerque recebe a exposição de Di Cavalcanti. No ano em que se comemora os 100 anos da Semana da Arte Moderna, a revisão do protagonismo do artista, que nunca teve uma mostra individual em Brasília, é a proposta da curadora Denise Mattar.

Di Cavalcanti (1897-1976) foi um pintor brasileiro que, apesar da influência cubista e surrealista, foi um dos mais populares na representação dos temas populares, como o carnaval, o samba, as favelas e os operários. Nas comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna, a repercussão e consequências do movimento têm levado a reflexões como, neste caso, da real importância do artista para aquele contexto. “Acho muito interessante apresentar essa exposição sobre o protagonismo e a permanência de Di Cavalcanti em Brasília, cidade onde ele nunca teve uma exposição individual embora esteja presente, com importantes obras públicas: as duas tapeçarias no Palácio do Planalto, o grande painel do Congresso e a Via-Sacra da Catedral”, provoca a curadora Denise Mattar.

Di Cavalcanti – Protagonismo e Permanência reúne cerca de 40 obras realizadas entre 1921 e 1975 a partir das suas múltiplas facetas, como ilustrador, desenhista, caricaturista, pintor e muralista. Sua produção está inserida na história da arte brasileira, tendo realizado mais de 9 mil obras ao longo de quase 60 anos. “A permanência de sua obra não tem par entre os artistas plásticos do Primeiro Modernismo, e Di Cavalcanti foi o único deles a manter uma produção constante e expressiva até sua morte, em 1976”, escreve Denise no texto curatorial.

A mostra inicia-se com os Fantoches da Meia-Noite, de 1921, série que marca o princípio do trabalho autoral de Di Cavalcanti. São 16 gravuras realizadas em traço leve e elegante, ocupando o espaço das páginas de forma inteligente e original, com o uso de sombras descomunais, que maximizam dramaticamente o desamparo dos personagens, manipulados pelos cordéis da noite vazia, entre eles a prostituta, a cafetina, o pianista, o bêbado, o vagabundo, o mendigo, a coruja e o gato. O mesmo tipo de síntese pode ser vista na aquarela Outomno, realizada em Paris, e datada de 1923.

No retorno ao Brasil, em 1925, após a estadia em Paris, absorvendo e digerindo as influências europeias, num particular ritual antropofágico, Di Cavalcanti descobriu os morros cariocas, prenhes de vida e de música, e eles passaram a ser um dos seus temas favoritos. Ali ele definiu as linhas mestras de sua pintura — para sempre. O óleo, Morro (1928) e a aquarela, Samba (1935), ilustram bem esse momento.

Seu interesse pela poesia do cotidiano também o levou a retratar muitas vezes os pescadores da Gamboa, do Caju, do porto de Maria Angu. Peixes (1937), Pescadores no porto (1940), Vila de pescadores (1956), e o painel sem título (1964), apresentados na exposição, espelham essa vertente. Já no início da década de 1930, Di Cavalcanti teve seu trabalho interrompido por perseguições políticas e, para se esconder, morou por algum tempo em Paquetá, e desta permanência resultou uma intimidade com a pequena ilha, que ele pintaria muitas vezes ao longo de sua vida.

Em 1936, Di Cavalcanti se auto exilou em Paris, onde permaneceu por quatro anos. Nesse período, o lirismo e a sensualidade langorosa tomaram conta das suas telas. É uma fase romântica, que se estende por toda a década de 1940, com retratos imaginados, nos quais as mulheres têm olhos doces e os ambientes são cuidadosamente ornamentados. Conhecido na década de 1950 como o “pintor das mulatas”, definição muito redutora de seu talento, Di pintou mulheres negras, brancas, ricas e pobres; morenas, loiras e ruivas, num clima lírico e sensual, ao qual sempre acrescentava um perfume de melancolia. Esse tema, da vida inteira, pode ser visto na exposição em 12 telas, que, da década de 1940 à década de 1970, permitem ao visitante acompanhar o percurso pictórico do artista, suas pesquisas estéticas, opções construtivas e afinidades eletivas.

A partir de 1950, o artista é convidado a criar painéis e murais para a nova arquitetura de linhas simples e arrojadas que começava a se implantar no Brasil, encarnando o sonho da modernidade. Entre 1958 e 1971 ele realizou mais de dez obras monumentais em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Nelas, Di fez experiências com formas ondulantes, padrões listados e estampados, numa profusão de informações visuais e predomínio de estilizações. Uma estética vibrante, colorida e múltipla torna-se a marca de sua obra nessa fase, na qual encontramos alguns acentos surrealistas. Entre os trabalhos mais conhecidos dessa faceta estão as tapeçarias do Palácio da Alvorada, o grande painel do Congresso e o mural do Teatro Cultura Artística. Inicialmente desenvolvidas para ocupar os amplos espaços murais, essas características se refletem também em sua pintura de cavalete. Um grafismo pulsante permeia os trabalhos, a cor torna-se mais crua, e as obras são mais narrativas.

Registrando esse momento a exposição apresenta as obras, Sem título, 1958 e Folia, 1956, e finaliza com o excepcional painel Trabalhadores de 1952.

Dica:
Di Cavalcanti – Protagonismo e Permanência
Curadoria: Denise Mattar
De 12 de maio a 11 de junho. Segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 10h às 13h
Visitas mediadas para grupos de até 10 pessoas serão ofertadas às quintas-feiras, às 17 horas, durante o período da exposição.
A presença das visitas deve ser agendada pelo telefone 61 99885-1030.
Local: Casa Albuquerque Galeria de Arte (SHIS QI 05 bl. C lj. 09 sobreloja CL – Lago Sul)
Instagram: @casa_albuquerque @almeidaedale

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