Orquestra Sinfônica abre nova temporada no Museu Nacional

Da Redação
Foto: Divulgação

A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro abre a temporada deste ano no dia 8 de fevereiro, com homenagens à Semana de Arte Moderna de 1922, marco da cultura brasileira que completa seu centenário, e ao aniversário do grito de independência às margens do Ipiranga, duzentos anos recuado no tempo.

O equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa volta a se apresentar em público, presencialmente, em novo endereço: no Museu Nacional da República, local que passa a ocupar às terças-feiras em substituição ao Cine Brasília. A programação no canal da OSTNCS no YouTube também mudou e chega aos seguidores nas redes sociais às sextas-feiras. Confira a programação no final da matéria.

“No concerto de abertura da temporada, demos ênfase à família dos metais e percussão da orquestra, com várias composições do trompista Fernando Morais”, revela o regente Cláudio Cohen. Serão revisitados luminares como Astor Piazzolla, Heitor Villa-Lobos, George Gershwin, Paul Dukas, J.S.Bach, Anthony Holborne, Aaron Copland e, da MPB, Toquinho, Vinícius e Egberto Gismonti.

“Villa-Lobos foi o compositor a participar da semana de arte moderna de 1922. Resolvemos prestar uma homenagem a esse ícone da música brasileira por meio de suas ‘Bachianas Brasileiras’, obras primas de sua criação”, explica Cohen.

A soprano Ana Luísa Melo fará, nesse segundo concerto, programado para fevereiro, o solo nas “Bachianas Brasileiras nº 5”, acompanhada pelo naipe de violoncelos. Ela está muito entusiasmada e fala, em entrevista mais abaixo, sobre o significado da homenagem a Villa-Lobos.

Em parceria com a Embaixada da Áustria, que vai condecorar o maestro Cohen, o concerto do dia 22 celebra o escritor vienense Stefan Zweig (1881-1942). Autor do livro “Brasil, País do Futuro” (1940), em que se refere ao país em tom ufanista apesar da ditadura Vargas que lhe serve de pano de fundo, Zweig comete suicídio junto com a mulher (Charlotte Elizabeth Altmann, “Lotte”) no mesmo ano, em Petrópolis (RJ), desiludido com uma Europa arruinada, sob o jugo dos nazistas – revela em carta de despedida.

“Uma das melhores partes do meu trabalho como Embaixador é poder dizer oficialmente ‘obrigado’ às pessoas, incluindo o prazer de conceder ao Maestro Cláudio Cohen a Cruz de Honra Austríaca para Ciência e Arte em nome do Presidente da República da Áustria”, declarou o embaixador Dr. Stefan Scholz.

Em 2022, a cantora lírica Ana Luísa Melo está fazendo parte da academia de ópera Vincerò Academy, uma plataforma on-line de mentoria de alto nível a que têm acesso os/as melhores jovens cantores/as do mundo. No ano que vem, a soprano de 21 anos cantará no Carnegie Hall em Nova York. Ela conversou com a reportagem sobre sua segunda participação em concertos da OSTNCS.

Qual a sensação de cantar numa homenagem à Semana de 22?

Para mim, é um prazer imenso cantar novamente com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Ano passado, foi uma experiência única cantar com toda a orquestra no 6º “Iate in Concert”. Agora, com uma formação camerística de oito violoncelos, cantando uma das obras-primas mais lindas da música brasileira, será muito emocionante.

Pode falar um pouco sobre a homenagem a Villa-Lobos?

Fico muito feliz de poder cantar esse repertório tão conhecido e que representa a nossa música e o Brasil em sua essência. Villa-Lobos compôs as Bachianas Brasileiras, em um conjunto de nove suítes, com o desejo de universalizar a música de Johann Sebastian Bach por meio do folclore brasileiro.

Você se refere à riqueza das “Bachianas nº 5”, que reflete a Semana de 22. Pode explicar?

A quinta suíte foi composta em duas partes, para soprano e oito violoncelos. A ária Cantilena em 1938 e a dança Martelo em 1945. Ele compôs a famosa ária Cantilena em homenagem à sua esposa Mindinha com letra da soprano que fez sua estreia, Ruth Valadares Correa.

Acho interessante destacar que, na Cantilena, os violoncelos representam os violões seresteiros, com um acompanhamento bem picado, no estilo de Bach, e, em contraste, a voz executa uma melodia bem lírica e contínua.

O “Martelo”…

Já o “Martelo”, parte menos conhecida, tem a letra de Manuel Bandeira, grande poeta modernista e de importante participação na Semana de Arte Moderna de1922. Uma curiosidade        muito legal é que sua melodia foi     criada com fragmentos dos cantos dos pássaros do Nordeste, e    seu nome e caráter vêm do martelo agalopado, um estilo de poema nordestino usado pelos cordelistas e cantadores.

CONCERTOS PRESENCIAIS NO MUSEU NACIONAL DA REPÚBLICA (20h)
8/2
Concerto de Abertura da Temporada 2022
Museu da República
20:00hs
Metais e Percussão
Programa
Paul Dukas, “Fanfare pour précéder La Péri”.
Fernando Morais (“Villalobiana”, “Elegia” e “Itaratã”) e assina os arranjos de “Adiós Nonino” (Piazzolla) e “Bess, you is my woman now” (Gerswhin).
Aaron Copland, “Fanfarra para um homem comum”.
Egberto Gismonti, “Sete anéis” (arranjo de Fernando Morais).
Toquinho e Vinícius, “Tarde em Itapoã” (arranjo de Fernando Morais).
J.S.Bach, “Now is our Savior Come” (arranjo de Fernando Morais).
Anthony Holborne, “Três Peças”.
Músicas Mexicanas, Augustin Lara, “Farolito”, Armando Manzanero, “Somos Novios”, Augustin Lara, “Granada”.
Maestro Cláudio Cohen

15/2
Homenagem a Semana de arte moderna de 1922
Heitor Villa-Lobos, “Bachianas Brasileiras nº 1”
Orquestra de Violoncelos
“Bachianas Brasileiras nº 5”
Orquestra de Violoncelos, soprano Solista
Ana Luísa Melo (Soprano
“Bachianas Brasileiras nº 6 para flauta e fagote”
Mechthild Bier (flauta) e Flávio Lopes (fagote)
“Bachianas Brasileiras nº 9 Orquestra de Cordas”
Maestro Cláudio Cohen

22/2
Homenagem ao escritor Stefan Zveig
Gustav Mahler, “Adagietto da Sinfonia nº 5”
W.A.Mozart, “Concerto nº 4 para trompa e orquestra”
Solista, Ellyas Lucas
Richard Strauss, “Suíte Opus 4 para sopros”
Maestro Cláudio Cohen

PROGRAMAÇÃO NO CANAL DA OSTNCS NO YOUTUBE (ÀS SEXTAS-FEIRAS)
04/02
Rossini, “La Scala di seta”

11/02
200 anos independência
Marcos Portugal , “Il Duca di Foix”
João de Deus Castro Lobo, “Abertura em Ré”

18/02
Carlos Gomes, “Sonata para Cordas”
Ian Deterling, “The Golden Retriever”
Trent Johnson, “The Tie That Binds”
Patrick McCarty, “Sonata”
Solista – Darrin Milling (trombone baixo)

25/02
200 anos independência
José Joaquim de Souza Negrão, “Abertura Estrela do Brasil”
Jose Mauricio Nunes Garcia, “Abertura em Ré”

Instagram: @orquestrasinfonicatncs

Fonte: Secec/DF