Da Redação
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Os shoppings reabriram as portas e as medidas de segurança, exigidas pelo governo, para evitar a propagação da Covid-19 estão sendo cumpridas, como horário reduzido de funcionamento, medição de temperatura, obrigatoriedade do uso de máscaras, locais determinados para a higienização das mãos e a sanitização de ambientes. Mas será que estas medidas são suficientes para conter a propagação do novo coronavírus? Segundo especialistas, não são e o risco de transmissão é grande, especialmente quando analisados o número recorde de novos casos no país.
Estudos mostram que a nuvem de gotículas gerada pela fala, espirro ou tosse pode permanecer suspensa no ar durante longos períodos em ambientes fechados. Outras pesquisas apontam que vírus como o Covid-19 podem permanecer infectantes nessas nuvens de gotículas por horas. Essas características, segundo especialistas, podem explicar porque a transmissão é rápida.
“As atividades coletivas dentro de ambientes fechados têm riscos muito maiores do que ao ar livre. Essa suspensão de gotículas no ar possibilita até que uma pessoa que está andando no mesmo ambiente, mas distante, seja infectada”, pontua a epidemiologista Adélia Marçal dos Santos, especialista em dinâmica em transmissão de doenças infecciosas e professora de Medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul.
Segundo Adélia, as máscaras diminuem a propagação das gotículas, mas, ainda assim, existe o risco de transmissão do novo coronavírus. “As máscaras reduzem a contaminação do ambiente, mas não têm a capacidade de proteger as pessoas contra possível aspiração de pequenas partículas em suspensão no ar, que podem conter o vírus”, explica a médica.
A epidemiologista Adélia Marçal pontua que é difícil garantir o distanciamento de, ao menos, dois metros no comércio de rua e destaca que somente o uso das máscaras não garante a proteção. “Muitos não usam a máscara corretamente e isso facilita a propagação do coronavírus. Muitas pessoas tocam no rosto o tempo todo, mexem nas máscaras e podem tocar em superfícies e se contaminar”, diz.
“As máscaras são muito importantes, especialmente no contexto da flexibilização do isolamento. Mas é preciso considerar que sua eficácia depende do uso, dos cuidados com higienização e troca delas. Elas são diferentes em grau de proteção”, afirma Fernando Spilki.
“A máscara é uma ferramenta que deve funcionar aliada a um conjunto de medidas de restrição de movimentação social, higiene e testagem. Seria muito fácil apenas usar a máscara e toda a população não precisar de nenhuma outra medida. O que funciona é o conjunto de medidas, não uma parte ou outra”, acrescenta Spilki.
Mas o que fazer se precisar sair de casa?
Os especialistas orientam que as pessoas devem frequentar shopping ou o comércio de rua durante o atual período apenas em casos de extrema importância. Eles aconselham que os consumidores optem por estabelecimentos que entregam em casa.
“Mas se é realmente necessário ir ao shopping (ou ao comércio de rua), pense e planeje com antecedência o que precisa fazer. Entre em contato com o local, se certifique de que está funcionando, o horário de funcionamento e se possui o que você precisa”, diz a epidemiologista Adélia Marçal.
A médica pontua que é fundamental que as pessoas saiam com álcool em gel — ou utilizem com frequência nos locais que disponibilizam o produto — e usem máscaras durante todo o período fora de casa.
“Vá ao banheiro em casa. Mesmo que seja feita limpeza regular, o banheiro público é um lugar crítico para a transmissão comunitária da covid-19, pois é menos ventilado e força a proximidade. Caso vá ao banheiro, evite conversar ou deixar pertences em bancadas”, detalha Adélia.
No comércio de rua ou no shopping, a pessoa deve observar se a área na qual fará compras permite o distanciamento social de dois metros. “Respeite o distanciamento para a sua proteção e para o cuidado coletivo. Evite áreas de aglomeração. Se for o caso, espere reduzir o fluxo para passar ou se aproximar de um local”, pontua a epidemiologista.
“Dentro das lojas, evite tocar em objetos e manuseie apenas o que deseja comprar”, diz a médica. Segundo ela, é importante que os clientes evitem usar dinheiro em espécie. “De preferência, use cartão que permita pagar por aproximação. Se encostar na máquina de cartão, use álcool em gel depois”, aconselha Adélia.
“Não utilize provadores. Fique o menor tempo possível em shoppings ou qualquer lugar público fechado. Dê preferência a lojas de ruas. Se a vontade de ir ao shopping é para lazer e diversão, vá a um parque ou a um lugar aberto, de preferência. Será muito melhor para a sua saúde neste momento”, diz a epidemiologista.
Fonte: BBC News