Da Redação
Foto: Divulgação
O Berçário do Zoológico de Brasília acolheu cinco filhotes resgatados órfãos da espécie lobo-guará. O resgate ocorreu depois de pesquisadores do Onçafari localizarem a mãe, Caliandra, morta a cerca de 10 quilômetros de distância da toca, na Fazenda Trijunção, na divisa de Goiás com Minas Gerais e Bahia. Caliandra era monitorada há nove meses por meio de um colar de GPS e auxiliava nos estudos e pesquisas científicas relacionadas à espécie. Com informações obtidas pelo colar, sabe-se que os filhotes nasceram no dia 1º de junho.
Por recomendações do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CENAP/ICMBio), a equipe do Onçafari fez o resgate dos indivíduos após localizarem os filhotes sozinhos na toca. “No início, acreditávamos que mãe ainda não tinha retornado da caça, porém o sinal do GPS indicou durante três dias que ela permaneceu imóvel em outro local. A equipe foi verificar pensando que o colar havia caído, mas encontraram Caliandra sem vida”, comenta Mario Haberfeld, fundador do Onçafari.
Depois de resgatados, os animais foram encaminhados para o Zoológico de Brasília, instituição com estrutura e equipe adequadas para receber os filhotes. “Eu mapeei os locais nas redondezas e o mais próximo com condições de acolher os animais era o Zoo de Brasília. Fiz as recomendações iniciais para a equipe no campo e, paralelo a isso, fiz a ponte com a equipe do Zoo”, explica Rogério Cunha de Paula, analista ambiental do CENAP/ICMBio.
Os animais viajaram de carro com três biólogos pesquisadores, que acompanhavam o estado de saúde durante todo o trajeto. Ao final da tarde, ao chegarem no Zoológico de Brasília, a equipe técnica do Zoo realizou o primeiro contato com os filhotes. Foi feito um exame clínico inicial para avaliar frequências cardíaca e respiratória, temperatura, nível de hidratação, coloração de mucosa oral e conjuntival, escore corporal e peso.
“Assim que os animais chegaram, nós fizemos uma avaliação clínica em cada um deles. Realizamos uma análise bem detalhada, pesagem e, depois, os alimentamos. No geral, eles estavam clinicamente bem, mas com indícios de desidratação, já que ficaram 48h sem os cuidados da mãe. Além disso, observamos que as mucosas estavam pálidas, indicando uma possível anemia”, conta Fernanda Mergulhão, médica veterinária do Zoológico de Brasília.
Os animais vão passar por exames mais detalhados para diagnosticar possíveis infecções no sangue e parasitas nas fezes. Além disso, o Zoo de Brasília conta com um zootecnista responsável pelo setor de alimentação e nutrição animal, Lucas Carneiro, que formulará uma dieta adequada para cada indivíduo. “Estamos desenvolvendo um protocolo alimentar de acordo com procedimentos nacionais e internacionais de manutenção de lobo-guará. Como esses filhotes já estão em fase de pré-desmame, iremos iniciar uma alimentação sólida, que inclui carne, rações e frutas”, detalha.
Por enquanto os filhotes vão receber todos os cuidados no Zoológico de Brasília e, quando estiverem independentes, os órgãos de fiscalização ambiental vão definir a melhor destinação para eles. “Ainda é muito cedo para falar sobre destinação. Por enquanto, nossa prioridade é manter a saúde e o desenvolvimento dos filhotes. Faremos esse cuidado preservando o comportamento natural da espécie para que, caso seja definido pelos órgãos competentes, os animais estejam aptos a participar de programas de reintrodução na natureza”, esclarece o biólogo e diretor de mamíferos do Zoo de Brasília, Filipe Reis.
Os filhotes contam com acompanhamento técnico em período integral no Berçário do Zoológico de Brasília. Apesar de o parque estar fechado para visitação, o público pode acompanhar o desenvolvimento dos animais por meio das redes sociais do Zoológico de Brasília e do Onçafari.
Os animais ainda não têm nome, mas é o público quem vai ajudar na escolha. Todo dia, durante cinco dias, haverá uma votação no perfil oficial do Zoológico no Instagram (@zoobrasilia) para que os seguidores escolham o melhor nome para cada indivíduo. As opções de nomes serão frutos do cerrado, uma homenagem ao bioma no qual a espécie é um dos representantes mais emblemáticos.
O Onçafari atua no Pantanal, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica com o objetivo de promover a conservação do meio ambiente e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que está inserido por meio do ecoturismo e de estudos científicos. O projeto é focado na preservação da biodiversidade em diversos biomas brasileiros, com ênfase em onças-pintadas e lobos-guarás.
Presente há três anos no Cerrado, o Onçafari atua na Pousada Trijunção, uma fazenda com mais de 33 mil hectares no coração do bioma. Localizada na divisa dos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás, o animal em foco desta base é o lobo-guará.