Livro póstumo da jornalista Cristiana Lôbo revela o perfil de presidentes

Da Redação
Fotos: Divulgação

Nesta terça-feira (29) será lançado em Brasília O que vi dos presidentes – Fatos e Versões livro escrito por Cristiana Lôbo e finalizado por Diana Fernandes e publicado pela Editora Planeta. O evento gratuito e aberto ao público acontecerá a partir das 19h no Museu Nacional da República e contará com as presenças de Diana e Murilo Lôbo.

A  jornalista política Cristiana Lôbo, a Lôba ou Cris, como era carinhosamente conhecida entre os amigos, sempre foi uma fiel observadora daquilo que move as pessoas. Pioneira na forma de comentar e noticiar os acontecimentos e uma das primeiras mulheres a cobrir política, tornou-se referência na imprensa como uma das maiores analistas do cenário político nacional.

Reverenciada pela maneira elegante com que interagia com figurões da política e dona de histórias singulares, suas ricas memórias estão agora eternizadas no livro, O que vi dos presidentes – Fatos e Versões, lançado pela Editora Planeta. A obra apresenta os perfis de todos os presidentes eleitos, direta ou indiretamente, após o fim da ditadura militar no Brasil.

Por entre detalhes curiosíssimos de cada período presidencial – dos pães de queijo para conquistar a atenção de Itamar Franco e receitas trocadas com Dilma Rousseff ao tratamento frio e impessoal destinado à imprensa por Michel Temer e Jair Bolsonaro –, Cristiana convida os leitores a desvendar como o temperamento e a personalidade de 8 presidentes moldaram seus governos em 37 anos de democracia no país. Enquanto apresenta detalhes fundamentais de cada governo para acompanhar os desdobramentos do Brasil ao longo desses anos, a autora traz informações sobre o perfil de cada político.

Falecida em novembro de 2021, Cristiana Lôbo não teve oportunidade de finalizar o livro, que foi concluído com a colaboração de Diana Fernandes, jornalista e amiga pessoal que a acompanhou por mais de três décadas ao longo de seus 43 anos de carreira.

TRECHOS DO LIVRO

“A campanha de Collor era a mais organizada, totalmente estruturada de acordo com as normas do marketing político, que só se tornaria popular no Brasil nas eleições seguintes. O candidato tinha assessores específicos para cuidar da agenda, do relacionamento com a imprensa, da informática, da segurança, das finanças. Um ghost-writer (redator) para seus discursos. E até uma equipe própria para organizar os palanques, evitando presenças indesejáveis – os papagaios de pirata, que ele abominava.”

“O clima de animosidade não prejudicou a confecção e o sucesso do Plano Real. Anos depois, contudo, ainda causava rebuliço no grupo político de Itamar uma discussão sobre quem era, de fato, o pai do Plano Real: ele, o presidente da ocasião; ou Fernando Henrique, o ministro que coordenou a equipe. O próprio Itamar manifestou vez por outra sua mágoa por FHC ser considerado o autor do plano. Fernando Henrique sempre evitou essa polêmica e, por ocasião da morte de Itamar em 2011, disse: ‘Sem o apoio dele [Itamar] não teria Plano Real’.”

“Carlos Bolsonaro, ou Carluxo, assim chamado pelo pai e depois pelos políticos, assumiu o comando das redes sociais, abusando das fake news, que alimentariam, já no governo, o que passou a ser conhecido em Brasília como o ‘gabinete do ódio’ do Palácio do Planalto – produzindo vítimas até mesmo no grupo de apoiadores. As mídias sociais se tornaram a principal ferramenta de comunicação do governo Bolsonaro, que ignorou e desestruturou o sistema institucional em funcionamento.”

Dica:
Lançamento do livro “O que vi dos presidentes – Fatos e Versões”
Com as presenças de Diana Fernandes e Murilo Lôbo
Dia 29 de agosto, às 19h
Local: Museu Nacional da República